terça-feira, 22 de novembro de 2011

A Culpa é sua!


"A torcida do Botafogo abandonou o time", "Público no Engenhão decepciona", "Pouca presença de torcedores no Engenhão decepciona atletas".
Quantas e quantas e quantas vezes lemos matérias nos jornais com as frases acima? Ou ouvimos piadinhas dos torcedores, dirigentes e jogadores rivais? Vemos os próprios dirigentes e jogadores do Botafogo falando que a "torcida tem que apoiar e acreditar"?


A verdade é que nós, torcedores alvinegros, somos cruéis: abandonamos o time à própria sorte. Somos incapazes de apoiar o time que joga com raça, disposição, vontade, para quem não tem bola perdida, que entra em todas as divididas, que joga todas as partidas como se da vitória dependesse sua vida.

A verdade é que nós, torcedores alvinegros, somos os vilões: mesmo com um estádio com a nossa cara, preferimos a frieza dos nossos sofás ao calor da arquibancada, preferimos comemorar os gols silenciosamente a vibrar com aquele estranho que, por um momento, se tornou nosso amigo de infância.

A verdade é que nós, torcedores alvinegros, somos exigentes demais: queremos títulos! Queremos uma vaga na Libertadores da América, aquele torneio em que times grandes como Arsenal de Sarandi, Oriente Petrolero e Jorge Wilstermann disputam!

Mas a verdade, a verdadeira, é que ninguém pensa na gente.

Porque não basta ser eliminado para times minúsculos nas Oitavas de Final da Copa do Brasil por 4 anos seguidos; não basta nem chegar na semifinal de um torneio em que só 4 clubes disputam, não basta ter TRÊS chances de assumir a liderança isolada do Campeonato Brasileiro e não conseguir; não basta jogar uma vaga para a Libertadores pelo ralo jogando pior do que um time já rebaixado. Tem que fazer tudo isso e ainda HUMILHAR a torcida permitindo que os RIVAIS - co-irmão é o c******! - joguem no seu estádio (aquele mesmo cujas contas de manutenção batem na nossa porta), e indo jogar onde te mandarem jogar, e ainda deixando a possibilidade de mais um rival ser campeão no nosso estádio.

Mas o Botafogo não disputa mais nada no campeonato, não é mesmo? Obviamente, é tudo culpa da torcida.

***

Sabem a história do cara legal, mas que corre tanto atrás da mulher, que ela não está nem aí para ele? Então... Ninguém valoriza o que é desvalorizado, Botafogo! Tem que ter paixão, mas também tem que ter dignidade.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Chega uma hora em que não cabe mais ver o mundo através do olhar do outro, vivenciar experiências imaginárias, não sentir os cheiros, ver tudo em 2D.
O mundo tem que ser maior do que o buraco da fechadura.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Partiu Loco Abreu, bateu, GOOOOOOLLLLL!!!!!

E aí que depois de cinco quatro finais consecutivas (2010 não teve final, gente!), participação em oito de dez semifinais de turno e oito de dez finais de turno, o Botafogo consegue a proeza de não se classificar para a semifinal da Taça Rio de 2011. Isso em um campeonato que tem Resende, Macaé, Fluminense e Volta Redonda.
Reparem que sempre em que chegamos na semi, passamos para a final. Sempre, menos neste ano.
Sim, estou mal acostumada. E isso é o que deve ser para quem torce pelo Botafogo: ser mal acostumado a vitórias.
Acontece que isso não pode nem deve se resumir ao Carioca, como parece ser o desejo de alguns. Os voos têm que ser maiores, não podemos ostentar uma estrela no peito e só desejar o que está ao alcance das mãos. E é aí que entra a entrevista coletiva que o Abreu concedeu hoje, marcando, exatamente um ano depois do golaço com os pés, outro golaço, esse,  com  palavras mais do que  perfeitas:

"Para o clube, hoje em dia, para o Botafogo, instituição grande como ela é, é mais importante pegar uma vaga internacional do que ser campeão carioca. Campeão carioca já foi, o importante para o clube hoje TRANSCENDER internacionalmente, colocar de novo a Estrela Solitária fora do Brasil. Que todo mundo fale do Botafogo como se fala do Corinthians e do São Paulo hoje em dia"


Clica na imagem que fica maior!
Saudações alvinegras.




Notinhas rápidas:

1. Ignorei que o Anderson Mulambo Safado Barros se escondeu atrás dos cojones do Loco e mandou-o para a cova dos leões. Mas tudo bem, antes ouvir e ver o Abreu do que aquele traste falando em reforços "extremamente razoáveis".
2. Abreu citou o Gilberto quando o urubu falou no Ricardinho, foi isso mesmo? *esperançamodeon*
3. A fla-press é tão fla-press que passou essa entrevista em tempo real no ge.com, crente que vinham altas polêmicas ou coisa pior (bate na madeira). Esqueceram que existe neurônio em General Severiano (mesmo que Alessandro, Fahel e Somália levem a estatística para baixo).
4. Não que o Vasco tenha entregado o jogo. Mas ver o esforço cruzmaltino depois que o menguinho fez gol foi admirável...
5. Ronaldinho fez sua singela homenagem ao Imperador, na véspera de completar um ano de sua exibição de gala no Maior do Mundo, e bateu um penal que só não foi com a mesma maestria do parceiro porque não tinha o melhor goleiro do Brasil do outro lado. Mas o que vale é a intenção, não é R10? 
6. Qual parte de "Joel montou esse elenco merda" jornalistas como Mauro Cezar Pereira e outros, não entendem?

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Torcer para time de massa é como ler apenas best-seller*



Como pode os torcedores de um clube cujo time tem um jogador que ganha R$1.800.000,00 (Hum milhão e oitocentos mil reais) por mês, comemorar como se tivesse caído caminhão de cerveja na estrada como se fosse a conquista de um Mundial, a vitória sobre o Botafogo, na semifinal do primeiro turno da Taça Guanabara?

Sim, ao contrário do que o Bruno acha, tem explicação.

O Botafogo.

Sim, porque não foi o fato do seu time ter jogado muito, porque não jogou.
Nem foi porque o dentuço acabou com o jogo, porque não acabou.
Muito menos porque ganhou com uma goleada de 6x0.
Ou, ainda, porque ganhou alguma coisa.

Ganhar do Botafogo, como já dizia o maior amarelão de Copas do Mundo e ídolo do time do capeta, é questão de honra. Isso, para mim, já é a maior explicação de todas: incomodamos. E muito.
Senão não teria visto algumas cenas pós-jogo que vi ontem, no estacionamento do Engenhão. Prefiro não relembrá-las aqui, me dão nojo.

E sobre o jogo: se o nosso técnico Joel usasse umas sandalinhas da humildade e esquecesse essa historinha de "Lenda", escalaria o time corretamente, sem o Somália, i-no-pe-ran-te, e entraria com o Everton. Acho isso, mas ainda não me conformo de um ex-exu ser um dos batedores, assim como o mentiroso já citado. Dava, e mole, para ter ganho com a bola rolando.
Para os que acham que estou fazendo uma tempestade em um simples jogo, explico: continuo achando um simples jogo, mas Joel, ainda mais agora, vai querer massagear seu ego de Rei do Rio ganhando a Taça Rio. E a Copa do Brasil vai para o quinto dos infernos. De novo.

E, mudando o foco um pouquinho, um fato: cada vez que vou a um Botafogo x flamengo, reforço meu botafoguismo. Saio de lá mais alvinegra, com a certeza de ter feito a escolha certa. Como disse Mário Filho, "ser Botafogo é escolher um destino e dedicar-se a ele. Não se pode ser Botafogo como se é outro clube: você tem que ser de corpo e alma". 

A imagem que ilustra o texto é o quadro que eu mais amo do Van Gogh, Starry Night Over The Rhone (ou Noite Estrelada sobre o Ródano). Linda, como estrelas sempre são, muitas ou solitárias.
E nunca, nunca, um urubu chegará tão alto como elas.


*João Moreira Salles


Uma pergunta: o Campeonato Carioca, será só um "carioquinha" como no ano passado?

domingo, 28 de novembro de 2010

Torpor

Hoje assisti* ao jogo do Botafogo com uma distância incomum, pra quem me conhece. Minha atenção era dividida entre o jogo via web em uma conexão horrorosa, o jogo do Palmeiras na TV e um livro - cuja história está me prendendo mais do que eu imaginava, mas isso não vem ao caso. Geralmente me concentro no jogo e não consigo estabelecer nenhum raciocínio lógico que não faça alusão à uma bola e 22 jogadores.
Mas enfim...
Torcia pela vitória, obviamente. Mas comemorei os gols sem tesão, como se fosse nada além da obrigação ganhar do lanterna rebaixado sem história, glórias, títulos ou camisa...
Opa, peraí! Mas ERA obrigação.
Vou confessar uma coisa: tive um momento de resignação com a mediocridade uns 40 minutos antes do jogo, quando passava na televisão a classificação do campeonato. Nela mostrava que o Botafogo estava em sexto lugar, na frente de times com muito mais investimentos, mesmo com o time limitadíssimo que temos. Por instantes me conformei com o que "conquistamos no campeonato", percebi que "Joel fez milagre com esse time", e outras coisas que fariam até os pelinhos inexistentes de Pedro, Thiago, Breno, Bruno, Igor, Caroline se arrepiarem.
Voltei ao normal. Esse normal me fez sentir uma coisa estranha.
Fiquei com uma sensação de torpor.

Torpor: s.m. Estado de sensibilidade reduzida. Entorpecimento; adormecimento. Fig. Marasmo.

E acabei de ler um texto no blog do Pedro que traduziu o que eu pensava: salvo uma conjunção astral favorável, ou justiça divina, o time da camisa esquisita comemorará o título de Campeão Brasileiro no próximo domingo, na minha casa - engraçado como eu já considero o Engenhão minha casa - e não há nada que possa mudar isso.
Bateu a tristeza. Por tudo. Pela mediocridade que se impõe soberana, por tudo que já fomos, por tudo que poderíamos ser, por tudo que somos.
Quando voltaremos a sentir?


*devido aos acontecimentos no Rio de Janeiro, não fui ao estádio. Outras coisas também estavam em jogo.

sábado, 6 de novembro de 2010

Bipolaridade Alvinegra

Nota da autora:
Sou botafoguense. Menos que alguns, mais do que outros. Este não é um blog "sobre o Botafogo", aliás, ele é uma coisa meio Seinfeld: falo sobre o nada, ou sobre tudo, ou é somente uma vontade de escrever que surge de repente. Caso eu consiga leva-lo adiante com uma certa frequência, inevitavelmente surgirão alguns textos sobre o Botafogo uma vez ou outra. Aproveitem.

Ser alvinegro deve ser algo como ser bipolar. A tragédia e a comédia habitam em nossos corações e não dão trégua nem com muita risperidona. Todas as dores e todas as delícias são intensas, são Vividas (em maiúsculo), são amargadas e comemoradas. Nem aquele jogo, na última rodada do Carioca, contra algum -ense da vida e com o time já classificado passa despercebido: ai do Leandro Guerreiro daquele zagueiro que deixou o atacante adversário chutar livremente pro gol. 
Mas onde eu quero chegar?
Depois de anos o Botafogo está brigando efetivamente pelo título. Eu não quero me empolgar, acho que será difícil - mais pelas tabelas dos outros times e seus jogos contra rivais do concorrente (fluminense X palmeiras, fluminense X são paulo, corinthians X flamengo, cruzeiro X vasco) do que pelo Botafogo em si. Uma vaga na Libertadores já faria meu ano acabar muito bem.
Mas é inevitável não olhar todas aquelas coincidências (entre o time de 1995 e este; a tabela do BR-2009 e a deste ano, na mesmíssima 33ª rodada; o filme dos Trapalhões, e por aí vai) e não acreditar em nenhumazinha delas. É inevitável pensar no "e se...?" do Marcelo, no otimismo nas entrelinhas do Thiago Pinheiro (para o Botafogo News), no "não é nada, não é nada" do Guilherme Figueira, e na frase mais perfeita que eu li até agora: "nada seria tão botafoguense [como ser o Campeão 2010]", do Breno Pinheiro. É inevitável me pegar imaginando o dia 05 de dezembro, às 19h, gritando É Campeão na varanda até ficar sem voz, querendo me bater por não ter ido à Porto Alegre. É inevitável praguejar contra professoras que marcaram provas para o dia 06 e dia 07 de dezembro.


(escrevi este texto há uns 2 dias e deixei ele como rascunho, pois não sabia como termina-lo. Segue o final, saído do forno)


Mas eu estava aqui, tentando não me empolgar por vários motivos: o de acreditar e ser sacaneada por todos que eu disse que seria campeã, o de evitar a frustração, a depressão, a raiva do time, enfim, motivos (além dos "reais") me faziam não ser mais otimista. 
Aí, eu entro no twitter e vejo que o @breno_vox postou a seguinte imagem:


Juro: senti cheiro de campeão. 




segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Desapego


Até que ponto uma pessoa - qualquer pessoa - é tão importante na sua vida a ponto de você não se desapegar dela?

O que te faz questionar se vale a pena ter uma pessoa na sua vida ou não?
Vejamos: nos aproximamos de pessoas com quem temos alguns interesses em comum, compartilhamos algumas ideias, alguns objetivos, enfim, nos reconhecemos no outro, apreciamos sua companhia e ambos "se acrescentam".
Mas o que acontece quando você não sabe mais qual é o ponto de interseção com o outro, quando a única coisa que te prende ao outro é um sentimento (amor, amizade, carinho, admiração, respeito...) que está lá atrás e que na maior parte do tempo não justifica o empenho e energia gastos em um relacionamento?
Obviamente, a diferença também é prerrogativa necessária para que sejamos tolerantes, para que saibamos ter certeza e defender nossas opiniões, e também, porque, confessemos: a graça da vida está nas diferenças. 
"O que seria do azul se todos gostassem de amarelo?"

Mas a questão aqui não é essa. É sobre até que ponto precisamos ou queremos de verdade que alguém faça parte das nossas vidas. O que devemos fazer quando no fundo temos certeza de que aquela pessoa já não nos acrescenta nada - muitas vezes, só aborrecimento, ou que a gente já não tem aquela vontade de conviver com ela por simplesmente não ter o que conversar, ou a conversa é pontuada por tantas divergências que às vezes podem parecer pessoais.
É muito difícil cortar laços, por mais puídos que estejam. É muito difícil exercitar o desapego de coisas, que dirá de pessoas! Uma camiseta velha jogada fora não te encontra na rua, não sente nem questiona.
E as perguntas que devemos fazer é: o alívio de não ter mais certas obrigações existirá de fato? Vale a pena sair da nossa zona de conforto, assumir uma posição, manter-se firme à ela, e encarar as consequências?

A conferir...




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Acréscimo:
Fui dar uma olhada nos blogs que eu sigo - coisa que não fazia há algum tempo - e achei esse texto no Aluna de Arquivo muito conveniente:




"Mas entenda que o desapego, muitas vezes, é a melhor alternativa, inclusive para que a vida flua, em vez de tornar-se cada vez mais estéril ou frustrante. Deixar para trás nos liberta e nos abre portas inimagináveis para destinos que, antes, nos pareceriam impossíveis."