sábado, 31 de outubro de 2009

Todo mundo tem o seu lado B

Ultimamente tenho andado sempre com um livro ou um texto na bolsa, e, pela felicidade do meu CR, desenvolvi a oportuna habilidade de me desligar de todas as distrações/barulhos que os ônibus oferecem e me concentrar na leitura que estou fazendo.
Só que outro dia, voltando do trabalho, entro num ônibus cujo rádio estava em uma altura - que eu inclusive acho que é proibida - que impossibilitava qualquer ser humano de se concentrar no que quer que fosse. E todos nós conhecemos as músicas que tocam nos ônibus...
Já pensava que seria impossível adiantar alguma leitura quando vi o engarrafamento que me faria levar uma hora para chegar em casa, num percurso que normalmente faço em 20 minutos. Então abri meu livrinho. Tocava Roxette e eu pensei "sem problemas, dá para me concentrar". 
Passaram-se mais alguns minutos e eu continuava lendo meu livro, no fundo ainda ouvia a música mas nada que me atrapalhasse. O que começou a atrapalhar foi o senhor que estava atrás de mim que achou que o meu encosto tinha cara de pandeiro e batucava, e fora do ritmo da música.
Finalmente ele cansou, e aí senta uma criança ao meu lado. Alguma coisa devia estar bem legal lá atrás do ônibus, porque ela não parava quieta e toda hora batia com o pé em mim.
Ok, o acontecimento lá atrás deve ter perdido a graça e ela finalmente atendeu aos pedidos da mãe e ficou quietinha.
E eu lá, conseguindo ler sobre a discussão entre Olavo Bilac e João do Rio, se o Brasil do final do século XIX era ou não um país de leitores.


Até que, de repente, começa:
..."você é luz, é raio, estrela e luar"...


Parei de ler. Porque eu aguento Roxette e toda programação da Nativa FM sem esboçar reação ou parar de fazer o que estou fazendo, mas Wando, cantando Fogo e Paixão, é simplesmente irresistível. 
Poesia pura, de fazer Olavo Bilac morrer de inveja.
Comecei a rir sozinha.