domingo, 28 de novembro de 2010

Torpor

Hoje assisti* ao jogo do Botafogo com uma distância incomum, pra quem me conhece. Minha atenção era dividida entre o jogo via web em uma conexão horrorosa, o jogo do Palmeiras na TV e um livro - cuja história está me prendendo mais do que eu imaginava, mas isso não vem ao caso. Geralmente me concentro no jogo e não consigo estabelecer nenhum raciocínio lógico que não faça alusão à uma bola e 22 jogadores.
Mas enfim...
Torcia pela vitória, obviamente. Mas comemorei os gols sem tesão, como se fosse nada além da obrigação ganhar do lanterna rebaixado sem história, glórias, títulos ou camisa...
Opa, peraí! Mas ERA obrigação.
Vou confessar uma coisa: tive um momento de resignação com a mediocridade uns 40 minutos antes do jogo, quando passava na televisão a classificação do campeonato. Nela mostrava que o Botafogo estava em sexto lugar, na frente de times com muito mais investimentos, mesmo com o time limitadíssimo que temos. Por instantes me conformei com o que "conquistamos no campeonato", percebi que "Joel fez milagre com esse time", e outras coisas que fariam até os pelinhos inexistentes de Pedro, Thiago, Breno, Bruno, Igor, Caroline se arrepiarem.
Voltei ao normal. Esse normal me fez sentir uma coisa estranha.
Fiquei com uma sensação de torpor.

Torpor: s.m. Estado de sensibilidade reduzida. Entorpecimento; adormecimento. Fig. Marasmo.

E acabei de ler um texto no blog do Pedro que traduziu o que eu pensava: salvo uma conjunção astral favorável, ou justiça divina, o time da camisa esquisita comemorará o título de Campeão Brasileiro no próximo domingo, na minha casa - engraçado como eu já considero o Engenhão minha casa - e não há nada que possa mudar isso.
Bateu a tristeza. Por tudo. Pela mediocridade que se impõe soberana, por tudo que já fomos, por tudo que poderíamos ser, por tudo que somos.
Quando voltaremos a sentir?


*devido aos acontecimentos no Rio de Janeiro, não fui ao estádio. Outras coisas também estavam em jogo.

sábado, 6 de novembro de 2010

Bipolaridade Alvinegra

Nota da autora:
Sou botafoguense. Menos que alguns, mais do que outros. Este não é um blog "sobre o Botafogo", aliás, ele é uma coisa meio Seinfeld: falo sobre o nada, ou sobre tudo, ou é somente uma vontade de escrever que surge de repente. Caso eu consiga leva-lo adiante com uma certa frequência, inevitavelmente surgirão alguns textos sobre o Botafogo uma vez ou outra. Aproveitem.

Ser alvinegro deve ser algo como ser bipolar. A tragédia e a comédia habitam em nossos corações e não dão trégua nem com muita risperidona. Todas as dores e todas as delícias são intensas, são Vividas (em maiúsculo), são amargadas e comemoradas. Nem aquele jogo, na última rodada do Carioca, contra algum -ense da vida e com o time já classificado passa despercebido: ai do Leandro Guerreiro daquele zagueiro que deixou o atacante adversário chutar livremente pro gol. 
Mas onde eu quero chegar?
Depois de anos o Botafogo está brigando efetivamente pelo título. Eu não quero me empolgar, acho que será difícil - mais pelas tabelas dos outros times e seus jogos contra rivais do concorrente (fluminense X palmeiras, fluminense X são paulo, corinthians X flamengo, cruzeiro X vasco) do que pelo Botafogo em si. Uma vaga na Libertadores já faria meu ano acabar muito bem.
Mas é inevitável não olhar todas aquelas coincidências (entre o time de 1995 e este; a tabela do BR-2009 e a deste ano, na mesmíssima 33ª rodada; o filme dos Trapalhões, e por aí vai) e não acreditar em nenhumazinha delas. É inevitável pensar no "e se...?" do Marcelo, no otimismo nas entrelinhas do Thiago Pinheiro (para o Botafogo News), no "não é nada, não é nada" do Guilherme Figueira, e na frase mais perfeita que eu li até agora: "nada seria tão botafoguense [como ser o Campeão 2010]", do Breno Pinheiro. É inevitável me pegar imaginando o dia 05 de dezembro, às 19h, gritando É Campeão na varanda até ficar sem voz, querendo me bater por não ter ido à Porto Alegre. É inevitável praguejar contra professoras que marcaram provas para o dia 06 e dia 07 de dezembro.


(escrevi este texto há uns 2 dias e deixei ele como rascunho, pois não sabia como termina-lo. Segue o final, saído do forno)


Mas eu estava aqui, tentando não me empolgar por vários motivos: o de acreditar e ser sacaneada por todos que eu disse que seria campeã, o de evitar a frustração, a depressão, a raiva do time, enfim, motivos (além dos "reais") me faziam não ser mais otimista. 
Aí, eu entro no twitter e vejo que o @breno_vox postou a seguinte imagem:


Juro: senti cheiro de campeão. 




segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Desapego


Até que ponto uma pessoa - qualquer pessoa - é tão importante na sua vida a ponto de você não se desapegar dela?

O que te faz questionar se vale a pena ter uma pessoa na sua vida ou não?
Vejamos: nos aproximamos de pessoas com quem temos alguns interesses em comum, compartilhamos algumas ideias, alguns objetivos, enfim, nos reconhecemos no outro, apreciamos sua companhia e ambos "se acrescentam".
Mas o que acontece quando você não sabe mais qual é o ponto de interseção com o outro, quando a única coisa que te prende ao outro é um sentimento (amor, amizade, carinho, admiração, respeito...) que está lá atrás e que na maior parte do tempo não justifica o empenho e energia gastos em um relacionamento?
Obviamente, a diferença também é prerrogativa necessária para que sejamos tolerantes, para que saibamos ter certeza e defender nossas opiniões, e também, porque, confessemos: a graça da vida está nas diferenças. 
"O que seria do azul se todos gostassem de amarelo?"

Mas a questão aqui não é essa. É sobre até que ponto precisamos ou queremos de verdade que alguém faça parte das nossas vidas. O que devemos fazer quando no fundo temos certeza de que aquela pessoa já não nos acrescenta nada - muitas vezes, só aborrecimento, ou que a gente já não tem aquela vontade de conviver com ela por simplesmente não ter o que conversar, ou a conversa é pontuada por tantas divergências que às vezes podem parecer pessoais.
É muito difícil cortar laços, por mais puídos que estejam. É muito difícil exercitar o desapego de coisas, que dirá de pessoas! Uma camiseta velha jogada fora não te encontra na rua, não sente nem questiona.
E as perguntas que devemos fazer é: o alívio de não ter mais certas obrigações existirá de fato? Vale a pena sair da nossa zona de conforto, assumir uma posição, manter-se firme à ela, e encarar as consequências?

A conferir...




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Acréscimo:
Fui dar uma olhada nos blogs que eu sigo - coisa que não fazia há algum tempo - e achei esse texto no Aluna de Arquivo muito conveniente:




"Mas entenda que o desapego, muitas vezes, é a melhor alternativa, inclusive para que a vida flua, em vez de tornar-se cada vez mais estéril ou frustrante. Deixar para trás nos liberta e nos abre portas inimagináveis para destinos que, antes, nos pareceriam impossíveis."

1 ano depois

Temos a 1ª mulher Presidente da República Federativa do Brasil: Dilma Vana Rousseff, do Partido dos Trabalhadores.
Lula fez seu sucessor e saiu como o grande vencedor do pleito.
✭ Boa Sorte, Presidenta! 

PS: Na Final do Campeonato Carioca de 2010, onde o Glorioso sagrou-se campeão em cima do maior rival, li a seguinte frase: "Por mais alto que um urubu voe, jamais alcançará uma estrela."
urubu, tucano... whatever...